O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) não participou dos atos em Brasília ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Os dois estiveram com o presidente tanto na cerimônia de hasteamento da bandeira como nos atos na Esplanada dos Ministérios.

De acordo com a coluna de Juliana Dal Piva, do UOL, o motivo está relacionado ao fato das manifestações terem como foco um discurso inconstitucional contra o STF (Supremo Tribunal Federal). Além disso, o alvo preferencial de críticas dos bolsonaristas é o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito que apura a existência de uma organização criminosa digital que atenta contra a democracia. Há algum tempo, os interlocutores mais próximos de Bolsonaro temem que o “02” seja alvo de alguma medida do STF.

Nesta terça-feira, o discurso de Jair Bolsonaro no protesto na Esplanada dos Ministérios teve justamente um caráter intimidatório contra o ministro Alexandre de Moraes e o presidente da Corte, Luiz Fux.

“Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder (STF) enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse Bolsonaro, em referência os ministros do STF. Foi o ministro Alexandre de Moraes que determinou algumas prisões de apoiadores do presidente que fizeram ameaças ao STF.

Bolsonaristas também dizem que Carlos prefere ficar “estrategicamente” nos bastidores a estar na linha de frente.

A ausência de Carlos Bolsonaro também se segue à divulgação de que a 1ª Vara Especializada de Combate ao Crime do TJ-RJ (Tribunal de Justiça) autorizou a quebra de sigilos bancário e fiscal do vereador e de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente Jair Bolsonaro e mais 25 pessoas. A quebra foi autorizada no dia 24 de maio, mas foi noticiada apenas na semana passada.

O MP -RJ investiga Carlos e uma série de ex-assessores desde julho de 2019 por suspeitas de devolução de salários, a rachadinha, e a existência de nomeações de “funcionários fantasmas” — pessoas que não trabalhavam de fato como assessores parlamentares.