A madrugada de domingo (22) para segunda-feira (23) foi de forte tempestade na Paraíba. Moradores se assustaram, especialmente, com a quantidade e a intensidade dos raios, trovões e relâmpagos em meio à chuva.

Nas redes sociais, há diversos relatos de um “super-trovão”, que durou mais de dez segundos, por volta da 1h50. O assunto chegou aos mais comentados do Twitter.

De acordo com a Defesa Civil, choveu mais de 204 milímetros em 48 horas na cidade de João Pessoa – quantidade superior à média histórica para o mês de maio inteiro (132 mm). Diversos bairros ficaram alagados.

A tempestade se intensificou rápido, atingindo seu pico entre 1h40 e 2h. “Somente neste intervalo de tempo, houve a ocorrência de 15 raios nuvem-solo [do tipo que desce do céu e quase toca o chão] em João Pessoa, principalmente nas zonas leste e sul, que batem com os relatos”, diz Diego Rhamon, meteorologista e pesquisador de Geofísica Espacial no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), após analisar dados de monitoramento.

Ele conta que caíram outros raios esporádicos na cidade durante a noite, e também nas vizinhas Bayeux, Santa Rita, Conde e Pedras de Fogo, além de 13 sobre o mar adjacente.

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Foi um “super-trovão”?

“Super-trovão é um exagero. A gente é que está pouco acostumado com trovões”, diz Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon – Brasileira de Monitoramento de Meteoros – e morador de João Pessoa.

De fato, foi uma grande tempestade, com raios riscando o céu, clarões dos relâmpagos e fortes barulhos de trovões. Para padrões do Sul e Sudeste do Brasil, por exemplo, são fenômenos meteorológicos relativamente comuns, mas que não costumam aparecer na Paraíba.

“Aqui na região do litoral, principalmente, chove bem durante o inverno, mas as tempestades são mais raras mesmo”, diz Zurita.

Por que trovões assim são raros na Paraíba? A culpa é do efeito constante dos ventos vindos da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), que atua na região praticamente o ano inteiro. À noite, porém, a história é outra.

“Tarde da noite e madrugada, há a convergência da brisa terrestre, que vem do continente para o mar. Então é menos difícil de formar tempestades, e haver trovões, nestes horários”, explica Rhamon.

A Terra tremeu?

Também há relatos de tremores, choques, e até de uma mesa de vidro e de uma melancia que teriam se despedaçado com o trovão. Pode até ter acontecido, mas não foi em todo lugar.

“Isso tem relação com a proximidade com o local da queda do raio. Se acontecer muito perto, ou mesmo sobre a casa, pode acontecer de quebrar objetos”, comenta Rhamon.

A carga elétrica do fenômeno também é um fator a ser considerado. “Um raio de polaridade positiva produz um trovão mais intenso que o negativo. É o que mais ‘treme’ janelas e casas. Sobre o oceano e sobre a costa [como João Pessoa], a taxa de incidência de raios positivos é maior que a do interior dos continentes”, conclui.

Tilt do UOL