A diferença de horas dedicadas por homens e mulheres, na Paraíba, aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos caiu de 13,3 horas, em 2019, quando era a maior do país; para 11,5 horas, em 2022, passando a ser a sétima maior do país, de acordo com as Estatísticas de Gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgadas pelo IBGE nesta sexta-feira (8). Com base em dados de 2022, a 3ª edição do estudo aponta que a parcela feminina da população dedicava a essas atividades quase o dobro de tempo que o grupo masculino (23,9 horas contra 12,4 horas).

A discrepância estadual (11,5 h) era maior do que a nacional (9,6 h), embora um pouco abaixo da regional (11,7 h), sendo o Nordeste a região com a maior desigualdade entre mulheres e homens. Na média brasileira, o número de horas dedicadas a essas tarefas era de 21,3 horas para as mulheres e de 11,7 horas para os homens. No contexto nordestino, as médias eram de 23,5 horas e 11,8 horas, respectivamente.

O recorte por cor ou raça do estudo mostrou que, na Paraíba, em 2022, não havia diferença significativa dentro do próprio grupo feminino, visto que a média de horas em que pretas e pardas (24 h) estavam envolvidas com o trabalho doméstico não remunerado era apenas ligeiramente maior do que a das brancas (23,6 h). Já no cenário nacional, foi observada uma diferença um pouco maior (1,6 horas a mais), as pretas e pardas dedicando 22h e as brancas 20,4 horas.

O maior envolvimento das mulheres com os cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos parece afetar diretamente a inserção delas no mercado de trabalho, sobretudo daquelas com filhos ainda pequenos. É o que indica a diferença de 39,56 pontos percentuais (p.p.), constatada na Paraíba, no nível de ocupação de homens (84,9%) e mulheres (45,3%) com idade entre 25 e 54 anos e com crianças de até seis anos de idade no domicílio. Essa desigualdade em desfavor das mulheres foi constatada em todas as unidades da federação, a da Paraíba sendo a maior do Nordeste e a 4ª maior do país, ficando atrás apenas das observadas nos estados de Rondônia (42,2 p.p.), Amapá (40 p.p.) e Pará (39,8 p.p.). No Brasil, onde essa diferença correspondia a 32,4 p.p., o mesmo indicador era de 56,6% para o grupo feminino e de 89% para o masculino. Já no âmbito regional, constatou-se uma diferença de 36,1 p.p. entre o nível de ocupação das mulheres (45,9%) e o dos homens (82%).

Essa desigualdade persiste, embora em menor escala, mesmo na ausência de crianças no domicílio. Na Paraíba, o indicador para mulheres em arranjos domiciliares sem crianças sobe para 50,1%, enquanto para os homens ele cai para 73,3%. Respectivamente, no Brasil e no Nordeste, esses indicadores seguem as mesmas tendências, correspondendo a 66,2% e 82,8%; e a 54,5% e 74,4%.